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Política

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Posted by: | Posted on: abril 29, 2020

Ministro do STF suspende nomeação de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da PF

Alexandre de Moraes viu indício de desvio de finalidade na escolha do delegado, que é próximo da família Bolsonaro.

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal. A decisão é liminar – ou seja, provisória – e foi tomada em ação movida pelo PDT.

“Defiro a medida liminar para suspender a eficácia do Decreto de 27/4/2020 (DOU de 28/4/2020, Seção 2, p. 1) no que se refere à nomeação e posse de Alexandre Ramagem Rodrigues para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal”, escreveu Moraes no despacho.

Ramagem, que é amigo da família Bolsonaro, foi escolhido pelo presidente da República para chefiar a PF, em substituição a Maurício Valeixo.

A demissão de Valeixo por Bolsonaro levou à saída do então ministro da Justiça Sergio Moro, que acusou o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal.

Na decisão em que suspendeu a nomeação, Moraes citou as alegações de Moro e afirmou que pode ter ocorrido desvio de finalidade na escolha de Ramagem, “em inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público.”

Moraes ressaltou as afirmações do ex-ministro da Justiça que dão conta de que Bolsonaro queria “ter uma pessoa do contato pessoal dele” no comando da PF, “que pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência”.

“Tais acontecimentos, juntamente com o fato de a Polícia Federal não ser órgão de inteligência da Presidência da República, mas sim exercer, nos termos do artigo 144, §1o, VI da Constituição Federal, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, inclusive em diversas investigações sigilosas, demonstram, em sede de cognição inicial, estarem presentes os requisitos necessários para a concessão da medida liminar pleiteada”, afirmou Moraes na decisão.

Questionado sobre a decisão de Moraes, o Palácio do Planalto não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem.

A proximidade de Ramagem com a família Bolsonaro causou contestações no meio político à escolha dele para chefiar a PF.

A relação com o presidente e os filhos dele começou na eleições de 2018, quando Ramagem chefiou a equipe de segurança do então candidato Bolsonaro. Candidatos tem direito à segurança da PF.

Na réveillon de 2019, Ramagem foi fotografado em festa ao lado do filho do presidente Carlos Bolsonaro, que é vereador do município do Rio de Janeiro.

“Logicamente, não cabe ao poder Judiciário moldar subjetivamente a administração pública, porém a constitucionalização das normas básicas do Direito Administrativo permite ao Judiciário impedir que o Executivo molde a administração pública em discordância a seus princípios e preceitos constitucionais básicos” completou Moraes.

O ministro disse ainda que a função do poder Judiciário é impedir atos “incompatíveis” com a Constituição. Ele disse que nomeações para cargos públicos devem respeitar os princípios da moralidade, impessoalidade e interesse público, o que, segundo o ministro, não ocorreu no caso de Ramagem.

A finalidade da revisão judicial é impedir atos incompatíveis com a ordem constitucional, inclusive no tocante Às nomeações para cargos públicos, que devem observância não somente ao princípio da legalidade, mas também aos princípios da impessoalidade, da moralidade e do interesse público”, completou Moraes.

Outras nomeações barradas na Justiça

Não é a primeira vez que o STF suspende nomeações do presidente da República: em 2016, o ministro Gilmar Mendes barrou a ida de Lula para a Casa Civil do governo Dilma Roussef (2011-2016), a pedido do então PPS (hoje Cidadania). A decisão é citada por Moraes na liminar sobre Ramagem.

Em 2018, a ministra Cármen Lúcia suspendeu a posse de Cristiane Brasil no ministério do Trabalho do governo Temer, após o G1 revelar que ela havia sido condenada em uma ação trabalhista.
Fonte: G1

Posted by: | Posted on: abril 27, 2020

Procuradora diz que Bolsonaro violou a Constituição ao determinar revogação de portarias sobre armas

Portarias, assinadas pelo Exército, facilitavam rastreamento de armas e munição. Agora, Procuradoria da República vai decidir se abrirá procedimento para investigar a conduta do presidente.

 

A procuradora da República Raquel Branquinho afirmou em ofício que o presidente Jair Bolsonaro violou a Constituição ao determinar ao Exército a revogação de portarias que facilitavam o rastreamento de armas e munição.

Branquinho elaborou um ofício que tramita dentro da procuradoria e agora o órgão vai decidir se abrirá um procedimento para investigar a conduta do presidente. O pedido de abertura de investigação foi revelado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”. A TV globo também teve acesso ao documento. Caso a procuradoria acione a Justiça, Bolsonaro poderá até responder por improbidade administrativa.

As portarias de que tratam o ofício foram publicadas pelo Exército. No dia 17 de abril, o presidente escreveu numa rede social que havia determinado a revogação dos textos. Para a procuradora, há elementos que apontam interferência de Bolsonaro em atos exclusivos do Exército.

“Ao assim agir, ou seja, ao impedir a edição de normas compatíveis ao ordenamento constitucional e que são necessárias para o exercício da atividade desempenhada pelo comando do Exército, o sr. presidente da República viola a Constituição Federal, na medida em que impede a proteção eficiente de um bem relevante e imprescindível aos cidadãos brasileiros, que é a segurança pública”, escreveu a procuradora.

Os textos estabeleciam maior controle sobre as armas e munição, mas Bolsonaro alegou que iam contra as propostas que ele apresenta desde a campanha eleitoral.

Para Raquel Branquinho, o episódio representa uma situação extremamente grave e tem o potencial de agravar a crise de segurança pública no país. Isso porque, diz a procuradora, não restam dúvidas de que, pela legislação, compete ao Comando Logístico do Exército Brasileiro a fiscalização de produtos controlados, como armas e munições.

Segundo a procuradora, nessa questão, não há espaço para voluntarismo por parte do presidente, ainda que a medida seja pautada por “bons propósitos”.

“Os poderes regulamentadores do presidente da República existem e se fundamentam na Constituição da República e na lei, não havendo espaços, assim, para ideias e atitudes voluntaristas, ainda que pautadas em bons propósitos”, escreveu.

Na avaliação de Branquinho, a flexibilização das regras pode favorecer o crime organizado.

“É fato público e notório que a ausência de condições de controle, rastreabilidade e identificação de armas e munições importadas sob a finalidade de atividades esportivas e de colecionador, dentre outras finalidades, em determinadas situações, escondem verdadeiras organizações criminosas que praticam o contrabando de armamentos e munições e abastecem milícias e outras facções criminosas. A cidade do Rio de Janeiro é a face mais visível dessa ausência de efetivo controle no ingresso de armamento no país”, afirmou.
Fonte: G1

Posted by: | Posted on: abril 17, 2020

Em discurso de posse, Teich fala em ‘foco nas pessoas’ e parceria com estados

Novo ministro da Saúde também disse que uma de suas primeiras ações vai ser integrar informações de ministérios no combate à pandemia.

 

O novo ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich, tomou posse nesta sexta-feira (17) em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Jair Bolsonaro. O ministro afirmou que terá “foco na pessoas” e que fará um trabalho de parceria com estados e municípios para conter o coronavírus.

Teich substituiu o agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que se desgastou com o presidente por causa das estratégias adotadas contra a pandemia. Até esta quinta-feira (16), o Brasil já havia confirmado 30.891casos da covid-19 (doença causada pelo vírus) e 1.952 mortes.

Em discurso na posse, Teich disse que uma das táticas de sua gestão será acompanhar diariamente, com estados e municípios, informações atualizadas sobre o avanço do vírus e outros problemas que poderão estar afetando a rede de saúde.

“[Vamos] Acompanhar diariamente a evolução em cada estado e município, de como está evoluindo a covid-19 e outros problemas que possam estar relacionados à saúde. Trabalhando com os estados, com os municípios, para que a gente consiga ter uma agilidade na solução de problemas que vão surgir. Você tem que analisar todo dia o que está acontecendo, fazer planejamento e executar””, afirmou Teich.

O novo ministro ressaltou que, independentemente de serem discutidas ações na economia ou na saúde, o resultado sempre deve buscar o que será benéfico para a população. “O final é sempre gente”, disse.

“Hoje tenho colocado isso, foco que a gente tem aqui, e tudo que a gente vai fazer, é nas pessoas. Por mais que você fale em saúde, por mais que você fale em economia, não importa o que você fala, o final é sempre gente”, afirmou.

Ele disse ainda que sua gestão vai buscar informações de todas as áreas para aprimorar o combate ao vírus. Segundo Teich, os indicadores sociais, como desemprego, serão levados em conta para as ações na saúde.

“Tem que acompanhar também os indicadores sociais. Se tiver mais desemprego, pessoas que vão perder o plano de saúde, isso vai impactar o SUS. [Vamos buscar a] Informação detalhada, com qualidade, bem avaliada e bem estruturada. E formação de equipe. Coisa que pretendo trazer de forma mais intensa de transição de um ministro para o outro”, explicou Teich.

No discurso, Teich também disse que vai buscar integração e troca de informações entre os ministérios para encontrar soluções no combate ao coronavírus.

“Juntar informações das diferentes áreas. Tentar aumentar quantidade de informações. Maior integração entre ministérios, para que possa mapear coisas ligadas a saúde que são fundamentais”, disse Teich.

Discurso de Bolsonaro
Após Teich, foi a vez de Bolsonaro discursar. O presidente afirmou que corre “risco” ao defender a retomada do comércio no país, porém acredita que essa é a medida correta para lidar com o combate ao coronavírus e ao desemprego.

“Essa briga de começar a abrir para o comércio, é um risco que eu corro, porque se agravar vem para o meu colo. Agora, i que acredito, o que muita gente já esta tendo consciência, tem que abrir”, afirmou.

Bolsonaro também defendeu a reabertura das fronteiras, fechadas para conter o avanço do contágio pelo novo coronavírus.

“Conversei com o ministro Moro agora há pouco sobre fronteiras. Tenho a minha opinião, que a gente vai conversar com mais ministros. Começar a abrir as fronteiras”, disse.

O presidente deu como exemplo Paraguai e Uruguai, que possuem fronteira seca com o Brasil.

“A gente pergunta: por que está fechado para o Paraguai? Se é uma fronteira seca que não temos como fiscalizá-la? Eu acredito que quando for escrever alguma coisa, é para ser cumprido. A mesma coisa no tocante ao Uruguai. Isso a gente vai tendo informações e vai decidindo”, declarou.

Divergências entre Mandetta e Bolsonaro
O presidente defende que somente idosos e pessoas com doenças crônicas fiquem em casa, bem como a reabertura do comércio nas cidades e a retomada das aulas, a fim de evitar maiores prejuízos à economia.

Mandetta, por sua vez, repetiu por semanas a necessidade do isolamento total como forma de reduzir a velocidade do contágio pelo coronavírus no país e de ganhar tempo para reforçar a capacidade dos sistema de saúde.

A saída do ministro, com popularidade superior à de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia, foi criticada pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

A demissão de Mandetta e o anúncio de Teich como ministro foram feitos na tarde de quinta-feira. Em um pronunciamento ao lado de Bolsonaro, o novo ministro disse ter “alinhamento completo” com o presidente.

Teich disse que não haverá definição “brusca” e “radical” sobre as orientações em relação ao isolamento social, mas destacou a importância da atividade econômica.

Na mesma fala, o novo ministro disse que medicamentos e vacinas contra o coronavírus serão tratados de forma científica. Teich não se posicionou sobre o uso da cloroquina, incentivado por Bolsonaro e criticado por Mandetta.

Teich ainda declarou, nesta quinta, ser preciso fazer um programa de testes para saber se as pessoas contraíram o novo coronavírus. Ele não deu detalhes de quando e como funcionaria o programa.

Carreira
Nelson Teich tem 62 anos, é carioca, e nos anos 1990 fundou o Centro de Oncologia Integrado (Grupo COI), onde atuou até 2018. Segundo o perfil dele em uma rede social, trabalhava como consultor em gestão de saúde.

Formado em medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ele se especializou em oncologia no Instituto Nacional do Câncer (Inca) e estudou Gestão de Negócios na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Em dezembro de 2018 entrou no doutorado de Ciências e Economia da Saúde na Universidade de York, no Reino Unido, onde já havia concluído o mestrado na mesma área.

Em 2008, ele fundou, no Rio, um instituto sem fins lucrativos dedicado a pesquisas sobre o câncer e à formação de profissionais nessa área. Nelson Teich atuou no instituto por dez anos. Depois, se tornou consultor sênior na Teich Health Care, que faz planejamento e execução de projetos em saúde.

Em 2010 e 2011, ele prestou consultoria para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, também focada em gestão da saúde.

Na política, o novo ministro da Saúde atuou como consultor informal da equipe de campanha do então candidato Jair Bolsonaro. Chegou a ser cotado para ocupar a pasta, mas Bolsonaro acabou escolhendo Luiz Henrique Mandetta.

O médico e pesquisador participou do governo como assessor do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, de setembro de 2019 a março de 2020.
Fonte: G1

Posted by: | Posted on: abril 1, 2020

Vídeo que fala em desabastecimento em BH publicado por Bolsonaro é ‘fake’

A reportagem da CBN constatou que a Ceasa da capital mineira tem, inclusive, produtos em excesso por causa da baixa procura, provocada pela pandemia do novo coronavírus. O presidente usou o Twitter para divulgar vídeo em que trabalhador critica isolamento.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a usar o Twitter para atacar governadores e prefeitos que adotaram medidas de isolamento. Ele publicou um vídeo em que um trabalhador relata que estandes da Ceasa de Belo Horizonte, em Minas Gerais, estão vazios, mas isso não é verdade. O material foi gravado no sábado, dia de pouco movimento no local.

Nesta quarta-feira, a reportagem da CBN constatou que a central está plenamente abastecida. Segundo os produtores da Ceasa, as atividades estão normais e não existe risco de falta de produtos. A direção ressaltou ainda que não há risco de desabastecimento na cidade, nem no estado, pelo contrário: há, inclusive, produtos em excesso por causa da baixa procura em meio à pandemia do novo coronavírus. Alguns comerciantes relatam melhora nas vendas.

O subsecretario de política e economia agropecuária de Minas Gerais Paulo Ricardo Albanez disse que o vídeo foi gravado durante um momento de limpeza do local. “É uma rotina nas terças, quintas e fins de semana a limpeza do mercado. Enquanto a equipe de limpeza fazia o serviço para a manutenção das condições de higiene e para o bom funcionamento das atividades, fizeram uma filmagem e disseram que estava ocorrendo desabastecimento. Não é verdade. Não há desabastecimento.”

A postagem foi feita numa página oficial de Bolsonaro numa rede social. O homem elogiou o presidente e criticou o isolamento adotado por alguns estados e municípios como medida para conter o avanço do novo coronavírus. Em texto, o presidente escreveu que “não é um desentendimento entre o presidente e alguns governadores e prefeitos”, são “fatos que devem ser mostrados”. E acrescenta que “depois da destruição, não interessa mostrar culpados”.

Bolsonaro tomou a atitude um dia depois de adotar um tom mais ameno no pronunciamento feito na noite desta terça-feira em rede nacional.
Fonte: CBN

Posted by: | Posted on: janeiro 17, 2020

Olavo de Carvalho após vídeo de Roberto Alvim que evoca Goebbels: ‘Talvez não esteja muito bem da cabeça’

Olavo de Carvalho

Ideólogo de direita usou rede social para criticar o secretário especial de Cultura

O ideólogo de direita Olavo de Carvalho criticou o secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, após a divulgação de vídeo em que Alvim copia uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels.

“É cedo para julgar, mas o Roberto Alvim talvez não esteja muito bem da cabeça. Veremos”, escreveu em sua conta no Facebook o ideólogo, que é uma figura admirada entre diversos integrantes do governo de Jair Bolsonaro.

Na publicação, Carvalho não especifica quais motivos lhe levaram a fazer a afirmação. Na noite de quinta-feira, Roberto Alvim gerou indignação nas redes sociais por causa de um vídeo criado para divulgar o Prêmio Nacional das Artes, projeto lançado horas antes em live com a participação do próprio presidente. No discurso, o secretário copiou uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels.

Além do trecho copiado do discurso de Goebbels, outra referência ao regime de Adolf Hitler é a trilha sonora do pronunciamento: a ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner. O compositor alemão era celebrado pelo líder nazista e teve grande influência em sua formação ideológica.

Fonte: O Globo

Posted by: | Posted on: janeiro 7, 2020

Um paradoxo chamado Trump

D Trump

De um lado, o isolacionista que quer evitar guerras. De outro, o valentão que quer matar todos os terroristas. Quem o presidente americano será diante do desafio iraniano?

É patente a falta de estratégia americana para lidar com as consequências do ataque que matou o general iraniano Qassem Soleimani na última sexta-feira. Basta, para convencer-se disso, acompanhar a contradição entre os fatos que se sucedem a cada dia.

Logo depois do ataque, o presidente Donald Trump aceitou mandar reforços militares à região para enfrentar a provável retaliação do Irã. Falou-se no envio de mais 3.000 soldados. Trump mencionou uma lista com 52 alvos a atingir – referência aos 52 americanos mantidos como reféns na embaixada de Teerã depois da revolução islâmica de 1979 –, entre eles sítios históricos e culturais.

Pois ontem veio à tona um memorando de um general americano, depois desmentido pela cúpula do Departamento de Defesa, aceitando a resolução do Parlamento iraquiano que determinou a retirada dos 5.200 soldados ainda mantidos pelos Estados Unidos no Iraque, sob o pretexto de combater o Estado Islâmico (EI).

Qual, afinal, é a intenção dos americanos: enviar tropas ou retirar tropas? Não é a primeira vez que Trump vacila diante do que fazer. Quando um drone americano foi derrubado depois de entrar no espaço aéreo iraniano, no ano passado, ele primeiro considerou um ataque, depois desistiu. A própria decisão de abater Soleimani, de acordo com os relatos, supreendeu os militares.

A hesitação reflete uma contradição intrínseca à concepção que Trump tem das guerras externas em que os americanos estão envolvidos. De um lado, ele é o isolacionista que ordenou a retirada das tropas da Síria e quis sair também do Afeganistão. Não aceita o papel de “polícia do mundo” defendido por antecessores. De outro, é o valentão que quer matar todos os terroristas e exibir a “grandeza” americana.

O Trump isolacionista prefere confiar em aliados regionais para estabilizar os conflitos. Não importa se são tiranos como o ditador sírio Bashar Assad, o egípcio Abdel Fatah al-Sisi ou o príncipe saudita Mohammed Bin Salman. Para esse Trump, melhor um autocrata confiável que garanta a estabilidade do que tentar exportar a liberdade ou a democracia, postura adotada por seus dois antecessores.

Se é verdade que a democracia implantada no Iraque depois da Guerra do Golfo não deu lá muito certo (o Parlamento é composto basicamente por grupos étnicos ou religiosos que não abriram mão de seu poderio militar regional), o isolacionismo de Trump também tem limites.

No Oriente Médio, desde o início do mandato ele procurou estabelecer uma relação mais próxima com a Arábia Saudita (fora a que os Estados Unidos já mantinham com Israel). Deu apoio financeiro e enviou armas aos sauditas, mas nada disso funcionou para estabelecê-la como potência incontestável diante do Irã. Não acabou com a guerra no Iêmen contra os Houthis, nem deteve o poderio iraniano na Síria e no Iraque.

É aí que entra em ação um outro Trump, aquele que na campanha eleitoral prometia “bombardear até a m… do Estado Islâmico”, atacou furiosamente a Síria em 2017, quando Assad foi acusado de lançar armas químicas, e decidiu revidar as provocações iranianas nos últimos meses matando Soleimani.

É o Trump que acredita em matar terroristas como única forma de combater o terror, não tem paciência para discussões detalhadas sobre objetivos militares e concebe as ações de guerra exclusivamente como atos de força – como lutadores num ringue de vale-tudo. O Trump que quer agir de modo simples, rápido e violento.

Derivam daí os choques frequentes com os militares profissionais, cuja ação depende não de impulsos ou da vontade de demonstrar força, mas de estratégia e objetivos políticos. Exemplo disso foi o pedido de demissão do general John Mattis no final de 2018, inconformado com a decisão de retirar as tropas americanas da Síria e com a traição que isso representaria aos aliados curdos.

Como os dois Trumps convivem numa única mente, o resultado é a postura errática, por vezes contraditória. Quando moderada pelos fatos ou pela estratégia já estabelecida, pode até funcionar. É o caso da Síria, onde Trump mudou muito pouco na política do governo Obama para combater e exaurir o Estado Islâmico. Era, até a semana passada também o caso do Iraque, por motivo similar.

A morte de Soleimani, contudo, torna mais explícito o paradoxo chamado Trump. Ele está diante de um desafio sem precedente. O principal risco, como escrevi ontem, está na retomada do programa nuclear iraniano. Não se trata de uma questão que possa ser resolvida por um ataque de precisão, como o que matou Soleimani. Uma guerra de joystick – modalidade preferida tanto por Obama quanto por Trump – será incapaz de desmantelar as instalações subterrâneas onde as centrífugas enriquecem urânio.

Foi tal percepção que levou Obama a estabelecer a negociação com o regime dos aiatolás, apesar da postura traiçoeira e das mentiras com que o Irã tratava seu programa nuclear. O acordo fechado em 2015 era imperfeito e cheio de buracos, mas pelo menos adiava a bomba iraniana uns dez ou quinze anos. Ao rompê-lo, Trump desencadeou uma escalada que o deixou sem opção melhor.

Se vestir o boné de golfe do Trump isolacionista, a bomba iraniana estará mais próxima, talvez a menos de um ano do primeiro teste, com consequências dramáticas para o equilíbrio geopolítico ou para o fornecimento de petróleo à economia global. Se puser o chapéu de caubói do Trump valentão, poderá desencadear uma nova guerra no Golfo, a terceira em trinta anos. As anteriores comprovam que, por lá, ter mais força não basta para vencer.

Fonte: G1

Posted by: | Posted on: janeiro 3, 2020

Ataque de míssil dos EUA mata comandante da Guarda Revolucionária do Irã

Qassen Suleimani assassinado por Donald Trump

Pentágono confirma ofensiva e diz que teve objetivo de “prevenir futuros ataques do Irã”

Um ataque com míssil dos Estados Unidos perto do aeroporto de Bagdá na madrugada desta sexta-feira matou o comandante das Forças Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã, o brigadeiro-general Qassen Suleimani, assim como o número 2 das Forças de Mobilização Popular (FMP), o comandante Abu Mahdi al-Muhandis.

Suleimani, que liderava as Forças Quds desde a década de 1990, era a figura mais reverenciada das Forças Armadas do Irã e uma das autoridades de mais alto nível do país. Sua morte eleva drasticamente a tensão entre o país e os EUA. Em 2017, ele foi eleito uma das cem pessoas mais importantes do mundo pela revista Time, por seu poder dentro das Forças Armadas do Irã.

O Pentágono confirmou em comunicado que os Estados Unidos foram responsáveis pelo ataque. “Este ataque teve o objetivo de prevenir futuros planos de ataque do Irã”, disse o texto. “O general Suleimani estava desenvolvendo ativamente planos para atacar diplomatas e militares americanos no Iraque e em toda a região”. A Casa Branca confirmou que o ataque foi por ordem direta do presidente Donald Trump.

As vítimas estavam em um comboio das FMP, que atualmente integram as Forças Armadas iraquianas. O ataque deixou ao menos oito pessoas mortas, e acontece três dias após manifestantes pró-Irã tentarem invadir a embaixada americana na capital do Iraque, informaram os serviços de segurança.

O Iraque tem sido palco, nas últimas semanas, de uma espiral de tensão que ameaça transformar o país em um campo de batalha entre forças apoiadas por Estados Unidos e Irã.

— Por 23 anos, Suleimani foi o equivalente ao chefe do Comando de Operações Especiais Conjuntas, ao diretor da CIA e o verdadeiro ministro das Relações Exteriores do Irã — disse ao New York Times Mark Dubowitz, diretor do centro de estudos conservador Fundação para a Defesa das Democracias. — Ele é insubstituível e indispensável.

O ataque parece ter sido um bombardeio aéreo que atingiu dois veículos, disse um policial, e foi o segundo nos arredores do aeroporto em poucas horas. Um ataque anterior, no final da noite de ontem, envolveu três foguetes e parece não ter deixado feridos.

Segundo um general do Estado-Maior Conjunto do Iraque, Suleimani e o relações públicas das FMP, Mohammed Ridha Jabri, também morto, tinham chegado de avião ao aeroporto de Bagdá vindos da Síria.

Em um discurso ontem, Sulemaini respondeu a ameaças que o presidente americano, Donald Trump, fez nesta semana, dizendo que, se os EUA atacassem o Irã, o país, em retaliação, “destruiria tudo o que eles possuem”.

— Você começará esta guerra, mas seremos os únicos a impor seu fim. Portanto, é preciso ter cuidado ao insultar o povo iraniano e o presidente de nossa república — afirmou, em transmissão do canal de notícias iraniano Al Alam.

Nem os EUA nem o Irã confirmaram o ataque por enquanto. Mais cedo ontem, a mídia iraniana citou que o serviço secreto impedira um atentado que seria cometido “por três terroristas” contra Suleimani em setembro.

A influência do Irã no Iraque aumentou após a derrubada de Saddam Hussein, um sunita, na invasão americana de 2003, que levou ao poder representantes da maioria xiita iraquiana. A maioria da população iraniana também pertence a esse ramo do islamismo.

O ataque americano aumenta o risco de que o Iraque se torne uma arena de confrontação entre o Irã e os Estados Unidos, que mantêm 5 mil militares no Iraque. As tensões entre Washington e Teerã aumentaram no último ano, depois que o governo Trump se retirou do acordo nuclear assinado entre o Irã e as principais potências globais em 2015.

Pompeo acusou irã

Desde o ataque, Trump fez apenas um comunicado, postando a bandeira dos Estados Unidos no Twitter, sem nenhum texto a acompanhando.

Washington, que acusa as Forças de Mobilização Popular de estar por trás do ataque à sua embaixada em Bagdá, na terça, havia atacado no domingo posições do grupo na zona de fronteira com a Síria.

No início deste mês, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, culpou as forças apoiadas pelo Irã por uma série de ataques a bases no Iraque e alertou Teerã de que qualquer ataque seu ou de seus “procuradores” contra os americanos ou aliados teria “uma resposta decisiva dos EUA”.

Fonte: O Globo

Posted by: | Posted on: dezembro 3, 2019

Exportações de carne bovina cresceram 45% em novembro, diz Ministério da Economia

carne brasil

Vendas externas de carnes bovinas registraram alta de US$ 235 milhões em novembro de 2019 em comparação com o mesmo mês de 2018. Exportações para a China puxaram o aumento.

O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, informou nesta segunda-feira (2) que as exportações de carne bovina aumentaram 45% em novembro deste ano em comparação ao mesmo mês em 2018.

Segundo Brandão, o valor das vendas externas de carnes bovinas avançaram para US$ 756 milhões em novembro deste ano, alta de US$ 235 milhões em relação ao mesmo período do ano passado, que registrou US$ 521 milhões em vendas desses produtos.

“É uma questão de oferta e demanda. Há uma demanda externa aquecida pelo produto. Preços são baseados em cotações internacionais”, disse Brandão.

O subsecretário afirmou que as vendas em novembro aumentaram principalmente para a China – que passa por um problema de gripe suína e, por isso, está elevando as compras de carnes de outros países.

A maior procura da China pelo produto e a estiagem ao longo do ano no Brasil contribuíram para o aumento do preço da carne vermelha no mercado interno. Pela primeira vez na história, o preço da arroba do boi gordo ultrapassou os R$ 200.

Para o consumidor final, o preço, em média, aumentou cerca de 35% de janeiro a novembro.

Outro fator que interfere no preço da carne no mercado interno é a valorização do dólar, que deixa as vendas para o exterior mais atrativas. Desde o fim de outubro, a cotação da moeda americana vem subindo com força, batendo recorde atrás de recorde.

Fonte: G1