• Direto no Ponto

O passado brasileiro do pai de Kamala Harris

Posted by: | Posted on: setembro 26, 2024

O economista Donald Jasper Harris já tinha uma carreira internacional respeitada quando chegou ao Brasil em 1990.

Nascido na Jamaica e naturalizado americano, Harris era professor da renomada Universidade Stanford, na Califórnia, e tinha entre suas publicações o livro Capital Accumulation and Income Distribution (“Acumulação de Capital e Distribuição de Renda”, em tradução livre), de 1978.

A viagem ao Brasil fazia parte de uma bolsa do programa Fulbright e incluía a participação em seminários e conferências em universidades brasileiras. Ao longo daquela década, ele passaria várias temporadas no país, e ainda é lembrado por alunos e colegas com quem conviveu.

“Ele sempre passou a impressão de ser pessoa muito receptiva com os alunos”, diz à BBC News Brasil um dos ex-estudantes, Jorge Thompson Araujo, que era mestrando em Economia quando fez um curso ministrado por Harris em 1990, na Universidade de Brasília (UnB).

O então estudante conviveu com Harris na sala de aula e em alguns eventos sociais em Brasília, dos quais contemporâneos lembram que ele frequentava bares e restaurantes perto do campus, na Asa Norte, e participava de churrascos com os colegas.

“Ele era introvertido, mas simpático”, diz Araujo, que hoje é consultor do Banco Mundial, em Washington, e pesquisador colaborador sênior da UnB.

Neste mês, a trajetória profissional do economista ganhou atenção nos Estados Unidos, depois que seu nome foi mencionado no debate presidencial. Ele é pai da vice-presidente americana, Kamala Harris, candidata democrata à Casa Branca.

Ao responder uma pergunta no debate de 10 de setembro, o ex-presidente Donald Trump, candidato republicano, citou o economista.

“Todo mundo sabe que ela é marxista. Seu pai é um professor marxista de economia. E ele a ensinou bem”, disse o republicano.

Kamala Harris, que sempre deixou claro que apoia o capitalismo, não respondeu à provocação, nem citou o pai durante o debate. Mas o episódio renovou a curiosidade sobre o trabalho de Donald Harris.

Interesse pelo Brasil

Aos 86 anos de idade, Donald Harris mantém o título de professor emérito da Universidade Stanford, de onde se aposentou em 1998

O interesse do economista pelo Brasil vem de desde, pelo menos, a década de 1960.

Em 1966, ele assinou uma resenha sobre o livro Diagnosis of the Brazilian Crisis, título da edição em inglês de Dialética do Desenvolvimento, do economista brasileiro Celso Furtado.

“É uma contribuição refrescante à literatura sobre subdesenvolvimento”, avaliou Harris, afirmando que representava “uma tentativa séria de um economista latino-americano de lidar com os problemas da região por meio do desenvolvimento crítico e aplicação de estruturas analíticas existentes.”

Em 1974, ele publicou o artigo Um Post Mortem à Parábola Neoclássica na revista Pesquisa e Planejamento Econômico (PPE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Araujo lembra que seu orientador de mestrado, Joanílio Teixeira, foi quem organizou a ida de Harris a Brasília.

Em 2021, em entrevista ao site da UnB, Teixeira, que atualmente é professor emérito da universidade, contou que chegou a hospedar Harris em sua casa por alguns meses.

A rotina acadêmica de Harris no Distrito Federal incluía pesquisas, trabalho com professores da UnB e um curso baseado em seu livro Capital Accumulation and Income Distribution, do qual Araujo participou em 1990.

“Ele condensou o material [do livro e de suas pesquisas] e fez uma série de seminários”, recorda o ex-aluno.

“O trabalho dele é extremamente sério, rigoroso. As aulas eram muito bem dadas, muito claras, mas difíceis. Dava trabalho entender e absorver aquele material, não era nada fácil.”

As aulas eram ministradas em inglês.

“Havia um pouco de barreira linguística. Na época, não era tão comum [os alunos] serem fluentes em inglês”, lembra Araujo. “Acho que às vezes afetava um pouco a interação dos alunos com ele.”

Jorge Thompson Araujo foi aluno de Harris em 1990, na Universidade de Brasília (UnB), e diz que o economista era simpático e receptivo com os estudantes

Harris era reconhecido por suas críticas à teoria econômica neoclássica, escola dominante em Stanford e outras universidades renomadas. Em Brasília, encontrou um ambiente com mais diversidade de linhas de pensamento.

“Ele sempre foi bem heterodoxo em economia. Crítico às teorias econômicas mainstream [dominante]”, ressalta Araujo.

“E Stanford era — e ainda é — um departamento bem mainstream, com presença de economistas heterodoxos muito reduzida.”

Segundo Araujo, economistas de diferentes correntes conviviam na UnB.

“Obviamente, sempre tinha algum tipo de discordância, mas aquilo não gerava mal-estar. Acho que esse ambiente deixou Harris mais à vontade, acho que ele se sentia bem lá.”

Nas confraternizações, Araujo diz que Harris “parecia um gentleman”, sempre sorridente e acessível, deixando os interlocutores à vontade. Mesmo assim, sua presença intimidava o então estudante.

“Eu ficava um pouco sem jeito de falar com ele. Primeiro, pela importância que ele tinha na área. E segundo, porque na época eu não dominava o inglês tão bem”, lembra.

Professor popular

Aos 86 anos de idade, Donald Harris mantém o título de professor emérito da Universidade Stanford, de onde se aposentou em 1998. Ao longo de sua carreira, ele ganhou projeção internacional e se destacou como crítico da economia ortodoxa.

Doutor em Economia pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, começou a lecionar em Stanford em 1972, após ter sido professor na Universidade de Wisconsin, em Madison, na Universidade de Illinois e na Universidade Northwestern (também em Illinois).

Harris era um professor popular em Stanford. Em reportagem de 1976, o The Stanford Daily, jornal publicado pelos estudantes da universidade, o descreveu como “um estudioso marxista”.

Segundo o jornal, ele teria sofrido resistência inicial a receber “tenure” (a estabilidade no emprego concedida a alguns professores universitários nos Estados Unidos) porque era “carismático demais, um flautista mágico que desviava os estudantes da economia neoclássica”.

Os alunos pressionavam por maior diversidade racial e intelectual no corpo docente. Donald Harris acabou se tornando o primeiro professor negro a receber “tenure” no Departamento de Economia de Stanford.

“Ele foi líder no desenvolvimento do novo programa em ‘Abordagens Alternativas à Análise Econômica’ como campo de estudo de pós-graduação”, diz sua biografia no site da universidade.

“Durante anos, ministrou o popular curso de graduação ‘Teoria do Desenvolvimento Capitalista’.”

Segundo a universidade, Harris explorava “a concepção analítica do processo de acumulação de capital e suas implicações para uma teoria de crescimento da economia” e buscava explicar “o caráter intrínseco do crescimento como um processo de desenvolvimento desigual”.

Enquanto lecionava em Stanford, Harris percorreu dezenas de países, fazendo pesquisas, consultorias, seminários e palestras como convidado.

Ele prestou consultoria a diversas agências e organizações internacionais, como a ONU e o Banco Mundial, a governos e fundações privadas.

Na Jamaica, seu país natal, ele atuou diversas vezes como consultor de política econômica para o governo e teve papel importante na elaboração de uma estratégia de crescimento.

Em 2021, foi agraciado com a Ordem do Mérito por sua contribuição ao desenvolvimento nacional.

Segundo sua página no site da universidade, Harris se aposentou para “se dedicar de forma mais ativa” ao seu “antigo interesse” no desenvolvimento de políticas públicas para promover o crescimento econômico e a equidade social.

Casamento e separação

Kamala Harris e a irmã, Maya (dir.), foram morar com a mãe após o divórcio dos pais quando eram crianças

Quando começou a viajar ao Brasil, o economista já estava separado havia décadas da mãe de Kamala Harris, Shyamala Gopalan, uma cientista nascida na Índia, autora de pesquisas influentes sobre o papel dos hormônios no câncer de mama e que morreu em 2009.

A vice-presidente costuma dizer que foi criada pela mãe, e raramente menciona o pai. Uma exceção foi seu discurso na Convenção Nacional Democrata, em agosto, quando aceitou oficialmente a nomeação para concorrer à Presidência.

“No parque, minha mãe dizia: ‘Fique por perto’. Mas meu pai dizia, sorrindo: ‘Corra, Kamala, corra. Não tenha medo. Não deixe que nada a impeça’”, lembrou.

“Desde muito cedo, ele me ensinou a não ter medo.”

A plateia aplaudiu, mas Donald Harris não estava entre os presentes. A democrata repetiu, como já havia contado anteriormente, que seus pais se conheceram quando participavam do movimento pelos Direitos Civis nos anos 1960.

Donald e Shyamala faziam pós-graduação na Universidade da Califórnia, em Berkeley, na época um centro de ativismo estudantil. Eles integravam um grupo de estudos formado por alunos negros, onde se discutia história africana e a experiência afro-americana.

Apesar de não ser negra, Shyamala, sendo indiana, era considerada nos Estados Unidos uma pessoa de cor, e logo se integrou ao grupo. Donald e Shyamala casaram em 1963, um ano depois de se conhecerem.

Kamala nasceu em 1964, e sua irmã, Maya, em 1967. A vice-presidente lembra de acompanhar os pais em eventos do movimento por direitos civis quando era criança.

Entretanto, quando ela tinha cinco anos de idade, o casamento chegou ao fim.

“Eu sabia que eles se amavam muito, mas parecia que tinham se tornado como água e azeite”, escreveu a democrata em seu livro The Truths We Hold (“As Verdades que defendemos”), de 2019.

Alguns anos depois da separação, em 1972, Shyamala entrou com pedido de divórcio. Em seu livro, Kamala Harris disse que o pai continou sendo parte de sua vida, e que ela e a irmã passavam fins de semana e férias de verão com ele.

“Mas foi minha mãe quem assumiu a responsabilidade pela nossa criação. Ela foi a maior responsável por nos moldar como as mulheres que nos tornaríamos”, disse.

Relação com a Jamaica e o Brasil

Araujo ainda guarda uma carta que recebeu de Donald Harris alguns anos depois de ter estudado com ele.

Em um texto publicado em 2019 no site Jamaica Global Online, Donald Harris disse que a interação com as filhas “chegou a um fim abrupto em 1972”, após uma batalha pela custódia.

O relacionamento teria sido “colocado dentro de limites arbitrários” impostos pelo tribunal.

“Mesmo assim, persisti, nunca desistindo do meu amor pelas minhas filhas ou abandonando minhas responsabilidades como pai”, escreveu o economista, que dedicou seu livro de 1978 a Kamala e Maya.

Ele lembrou de visitas à Jamaica com as filhas ainda pequenas. Além de mostrar o lugar onde cresceu, ele queria que, quando fossem mais velhas, entendessem “as contradições econômicas e sociais num país ‘pobre’, como a impressionante justaposição de pobreza e riqueza extremas”.

Também escreveu que queria ensinar às filhas “que o céu é o limite para o que se pode alcançar com esforço e determinação” e que é importante “não perder de vista os que ficam para trás devido à negligência ou abuso social e falta de acesso a recursos ou ‘privilégios’”.

Donald Harris não costuma comentar a trajetória política da filha nem dar entrevistas, e não respondeu aos pedidos da BBC News Brasil de participação nesta reportagem.

Uma das últimas vezes em que se pronunciou publicamente sobre Kamala foi em 2019.

Na época, ao responder em uma entrevista se já havia fumado maconha, a então senadora disse: “Metade da minha família é da Jamaica, você está brincando comigo?”

Seu pai não gostou da brincadeira e publicou uma declaração em um site da Jamaica, afirmando que ele e sua “família jamaicana” gostariam de se “distanciar categoricamente” dos comentários.

Disse ainda que seus antepassados deveriam estar “se revirando no túmulo ao ver o nome de sua família, sua reputação e sua orgulhosa identidade jamaicana sendo conectados, brincando ou não, com esse estereótipo”.

Araujo acompanha a corrida presidencial americana desde Washington e lamenta ter perdido contato com o ex-professor. Ele conta que, poucos anos depois do encontro em Brasília, quando já estava na Inglaterra fazendo doutorado, usou material de Harris em sua pesquisa.

“Mandamos o trabalho para ele, e ele foi muito positivo, disse que gostou”, conta Araujo. “Ele respondeu com uma carta, que guardo até hoje.”

Araujo considera a participação de Harris na vida acadêmica em Brasília uma grande contribuição ao Departamento de Economia da universidade, mas também acha que as temporadas no Brasil tiveram impacto positivo em Harris.

“Embora não possa comprovar, penso que a passagem dele pelo Brasil o ajudou a ver a perspectiva do desenvolvimento econômico num país grande. E acho que isso ajudou a enriquecer sua visão sobre o desenvolvimento.”

“Foi uma via de mão dupla”, diz Araujo.

“Não só a UnB se beneficiou da presença dele, mas ele também se beneficiou de trabalhar com economistas brasileiros, estar no Brasil e se expor às questões socioeconômicas do Brasil.”

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Saiba se compensa atualizar o valor de imóvel para pagar menos Imposto de Renda

Posted by: | Posted on: setembro 25, 2024

Proprietários de imóveis já podem atualizar o valor de suas propriedades e pagar menos impostos. Para isso é preciso optar, até 16 de dezembro, por quitar antecipadamente o montante devido sobre o ganho de capital com a valorização desse patrimônio.

Leia também: Beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bi em ‘bets’ em agosto Feriados 2025: ano terá nove oportunidades de descanso prolongado

A Receita Federal publicou ontem no Diário Oficial da União a norma que permite a cobrança reduzida de Imposto de Renda (IR) sobre a diferença entre o valor de compra do imóvel e sua avaliação atual de mercado, mas o benefício é gradativo e só é obtido integralmente se o bem não for vendido em 15 anos.

A proposta foi sancionada pelo governo como parte das medidas de aumento da arrecadação para compensar a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e de municípios.

A alíquota de IR que incide sobre ganho de capital na venda de imóveis varia hoje entre 15% e 22,5%, sendo o menor percentual válido para ganhos de até R$ 5 milhões. Daí em diante, a alíquota vai subindo de forma progressiva.

Com a nova oportunidade aberta pela Receita, o proprietário pode optar por atualizar o valor do seu imóvel na declaração de IR e pagar o imposto sobre ganho de capital de forma antecipada e de uma só tacada, a uma taxa de 4%. Já empresas (pessoas jurídicas) pagariam 6% de Imposto de Renda e 4% de Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), ante os 34% das duas alíquotas somadas sem a redução oferecida agora.

Benefício integral

O ponto de atenção está no fato de que o dono do imóvel teria de esperar 15 anos para ter o benefício integral ao vender seu bem, alerta a advogada Debora Bacellar de Almeida, sócia de Tributário do BMA Advogados, lembrando que a taxação só começa a ficar abaixo dos 15% a partir do sétimo ano.

— O benefício não é oferecido a quem vender o imóvel em três anos. Se a pessoa aderir ao pagamento antecipado e fechar a venda nesse prazo, pagará 19% sobre o ganho de capital — explica a advogada.

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Como o benefício integral desse desconto só é integralmente obtido pelos proprietários depois de 15 anos, especialistas avaliam que, para optar por esse modelo de pagamento, o dono de um imóvel deve considerar quando planeja vendê-lo.

— O principal desafio dessa medida está no longo prazo para obtenção do desconto integral, que ocorre após 15 anos — diz Almeida. — Quem for vender o imóvel antes disso, só tem alguma vantagem a partir do sétimo ano, quanto a taxação do ganho fica abaixo de 15%.

Ainda assim, diz a especialista, o tributo desembolsado antecipadamente poderia ser direcionado a uma aplicação financeira que poderia garantir ganho maior no longo prazo.

Sem benefício em 3 anos

O tributarista Felipe Costa, sócio do MV Costa Advogados, explica que, até então, o custo de aquisição do imóvel só podia ser alterado em caso de despesas com construção, ampliação ou reforma. Com a mudança, a atualização poderá ocorrer até 16 de dezembro, mediante o pagamento do tributo a apresentação da Declaração de Opção pela Atualização de Bens Imóveis, disponível no Centro Virtual de Atendimento (e-CAC), da Receita.

Como a nova norma traz redução progressiva da taxação do ganho de capital, Costa avalia que ela é especialmente benéfica para quem possui um bem declarado com um valor muito abaixo do atual valor de mercado e pretende mantê-lo pelos próximos 15 anos:

— Essa redução é maior quanto mais tempo a pessoa ou empresa mantiver o imóvel após a atualização.

Debora, do BMA, ressalta que a antecipação tem de ser pensada com ainda mais atenção por pessoas que, adiante, possam ter de vender seu imóvel por valor inferior ao usado como referência para uma atualização de preço agora. Essa perda de valor não é dedutível.

Há casos em que não há cobrança de IR sobre ganho de capital pela venda de imóveis. Um deles é quando a pessoa física vende seu imóvel por um valor de até R$ 440 mil. Outro é quando ela vende um imóvel residencial e adquire outro, de maior valor, num prazo de até 180 dias.

Outras regras reduzem a taxação do ganho de capital com a venda do bem conforme a idade do imóvel.

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Será aberta hoje a consulta ao último lote de restituições do Imposto de Renda

Posted by: | Posted on: setembro 23, 2024

A partir das 10h desta segunda-feira (dia 23), cerca de 511 mil contribuintes que entregaram a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) saberão se acertaram as contas com o Leão. Nesse horário, a Receita Federal libera a consulta ao último dos cinco lotes de restituição de 2023, com a inclusão de cerca de 86 mil contribuintes do Rio Grande do Sul. O lote também contempla restituições residuais de anos anteriores.

Ao todo, 511.025 contribuintes receberão R$ 1,03 bilhão. Segundo o Fisco, 40% do valor vão para contribuintes com prioridade no reembolso.

Prioridades

A maior parte, 201.381 contribuintes, informaram a chave Pix do tipo Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) na declaração do Imposto de Renda ou usaram a declaração pré-preenchida. Desde o ano passado, a informação da chave Pix dá prioridade no recebimento.

Em seguida, há 106.289 contribuintes que não informaram a chave Pix e não se encaixam em nenhuma das categorias de prioridades legais. Este é o terceiro lote a contemplar contribuintes não-prioritários.

Há ainda 86.570 contribuintes residentes no Rio Grande do Sul. Em quarto lugar, vêm 75.686 contribuintes entre 60 e 79 anos. Em quinto lugar, estão 23.180 contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério. O restante dos contribuintes são 11.188 contribuintes idosos acima de 80 anos e 6.731 contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave.

Como consultar

A consulta poderá ser feita na página da Receita Federal. Basta o contribuinte clicar em “Meu Imposto de Renda” e, em seguida, no botão “Consultar a Restituição”. Também é possível fazer a consulta no aplicativo da Receita Federal para tablets e smartphones.

O pagamento será feito em 30 de setembro, na conta ou na chave Pix do tipo CPF informada na declaração do Imposto de Renda. Caso o contribuinte não esteja na lista, deverá entrar no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC) e tirar o extrato da declaração. Se verificar uma pendência, pode enviar uma declaração retificadora e esperar os próximos lotes da malha fina.

Resgate por um ano

Se, por algum motivo, a restituição não for depositada na conta informada na declaração, como no caso de conta desativada, os valores ficarão disponíveis para resgate por até um ano no Banco do Brasil. Nesse caso, o cidadão poderá agendar o crédito em qualquer conta bancária em seu nome, por meio do Portal BB ou ligando para a Central de Relacionamento do banco, nos telefones 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos).

Caso o contribuinte não resgate o valor de sua restituição depois de um ano, deverá requerer o valor no Portal e-CAC. Ao entrar na página, o cidadão deve acessar o menu “Declarações e Demonstrativos”, clicar em “Meu Imposto de Renda” e, em seguida, no campo “Solicitar restituição não resgatada na rede bancária”.

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Quase 90% das indústrias adotam pelo menos uma prática ambiental no Brasil, diz IBGE

Posted by: | Posted on: setembro 18, 2024

Em 2023, 89,1% das indústrias de médio e grande porte possuíam pelo menos uma iniciativa ou prática ambiental em seus processos produtivos no Brasil, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (18) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O percentual equivale a uma parcela de 8.758 empresas de um total de 9.827 –quase 9 em cada 10. Não há uma série histórica comparável para avaliar se o indicador cresceu ou não, diz o instituto.

O resultado integra a Pintec (Pesquisa de Inovação Semestral) 2023, considerada uma fonte experimental de estatísticas –ainda sujeita a ajustes metodológicos.

Conforme o levantamento, o fator que mais contribuiu para a adoção das práticas pelas indústrias foi o atendimento a normas ambientais brasileiras (88,6%).

Estratégia autônoma da empresa (87,7%), influência de fornecedores e/ou clientes (63,9%), influência da opinião pública/sociedade civil (44,9%) e atendimento a normas ambientais de mercados externos (44,1%) vieram na sequência.

Influência da concorrência (28,4%), atratividade de programas públicos ou privados de apoio (22,2%) e outros motivos (1,3%) completam a lista divulgada pelo IBGE.

As práticas ambientais podem ser tanto projetos incipientes quanto ações já consolidadas e rotineiras nas fábricas, segundo a metodologia da pesquisa.

“As empresas industriais, ao longo das últimas décadas, vêm sendo estimuladas, ainda que de forma impositiva, por normas e legislações e pela opinião pública para se engajarem em alguma prática ambiental”, disse Flávio Peixoto, analista responsável pela apresentação dos dados.

“A gente percebe a preocupação com a imagem e a obrigação de atender a normas que existem tanto internamente quanto fora”, acrescentou.

A Pintec foca em seis temas que envolvem iniciativas ambientais. São eles: recursos hídricos, resíduos sólidos, eficiência energética, reciclagem e reúso, uso do solo e emissões atmosféricas.

A área de resíduos sólidos teve o maior percentual de indústrias com ações implementadas: 79,6%. Reciclagem e reúso (75,1%), eficiência energética (61,5%) e recursos hídricos (57,1%) vieram na sequência. Emissões atmosféricas (46,3%) e uso do solo (23,9%) ficaram para trás.

Nos seis temas investigados, as empresas de maior porte, com 500 pessoas ocupadas ou mais, registraram os percentuais mais elevados de adoção de práticas ambientais.

De acordo com o IBGE, o alto custo foi apontado como a principal dificuldade para a implementação de soluções. Essa opção foi citada por 71,8% das indústrias que possuíam iniciativas ambientais.

A mesma justificativa também liderou o ranking das dificuldades citadas pelas empresas que ainda não tinham práticas do tipo (45,4%).

“As empresas maiores, com mais recursos, mais estruturadas e que têm de seguir a legislação de uma forma mais rigorosa, relativamente, estão mais prontas. É natural que se engajem mais”, afirmou Peixoto.

Folha Mercado

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A Pintec é desenvolvida pelo IBGE em parceria com a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), financiadora do projeto, e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que presta apoio técnico.

Médias e grandes indústrias, focos da análise, são aquelas com cem ou mais pessoas ocupadas, diz o instituto.

Considerando 24 atividades, o IBGE indica que os maiores percentuais de empresas com pelo menos uma prática ambiental foram identificados nos seguintes ramos: fabricação de bebidas (100%), refino e derivados de petróleo, coque e biocombustíveis (99,4%), artigos de borracha e plástico (95,9%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (95,8%).

Por outro lado, os menores patamares foram verificados em manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (56,4%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (75,1%) e fabricação de produtos de madeira (81%).

A apresentação da pesquisa diz que “setores mais regulados apresentam maior proporção de empresas atuando para diminuir impactos negativos no meio ambiente a partir de seus processos industriais”.

O IBGE também afirma que, em 2023, 10,2% das empresas industriais utilizaram biotecnologia em seus processos. No caso desse indicador, o instituto divulgou uma comparação possível com 2017, quando a porcentagem havia sido menor, de 6,8%.

Ainda de acordo com o órgão, 17,1% das indústrias publicaram relatórios de sustentabilidade em 2023. O percentual foi superior ao de 2017 (11,2%).


Queimadas sinalizam que estiagem poderá levar a uma segunda queda seguida na produção agrícola

Posted by: | Posted on: setembro 17, 2024

As queimadas que se espalham pelo país sinalizam que a estiagem deste ano poderá levar a agricultura brasileira a registrar uma segunda safra seguida de perdas, segundo especialistas e associações de produtores.

Conforme o IBGE e a Conab, empresa do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a safra de grãos 2023/2024, que está terminando, teve uma queda na casa de 6%, por causa das ondas de calor e da estiagem da primavera de 2023.

Se as chuvas não vierem na primavera deste ano, que começa no próximo domingo, dia 22, o quadro poderá se repetir — as primeiras estimativas para a safra 2024/2025 sairão a partir do mês que vem.

Segundo José Carlos Hausknecht, sócio da consultoria MB Agro, o impacto das queimadas é mais indireto. A combinação de estiagem com calor espalha o fogo pelas matas, e também chama a atenção para a seca, que atinge a produção agropecuária de forma mais generalizada.

Queimadas afetam cana

O efeito direto tem chamado mais a atenção para os canaviais do interior de São Paulo. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) paulista estimou em R$ 2 bilhões os prejuízos causados pelas queimadas, sendo R$ 1,2 bilhão relacionados à produção de cana-de-açúcar.

Pelo menos 232 mil hectares de lavouras de cana foram atingidos por incêndios no interior de São Paulo, segundo a Unica, entidade que representa o setor — as regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e São Carlos foram as mais atingidas pelos incêndios, respondendo por cerca de 90% da área queimada até o momento.

Só que a área atingida, por enquanto, é pequena diante do total plantado, lembrou Hausknecht, da MB Agro. Segundo a Conab, a área total de cana plantada na safra 2024/2025, que vai até março do ano que vem, soma 8,6 milhões de hectares. Em São Paulo apenas, são 4,3 milhões de hectares, ou seja, a área atingida pelas queimadas equivale a 5,4% da área total paulista.

Seca tem efeito generalizado, principalmente sobre culturas perenes

Segundo Hausknecht, o efeito direto da seca é mais importante do que o das queimadas. A própria cana tem sido afetada pela falta de chuvas. Segundo a Conab, a produção da safra atual deverá somar 690 milhões de toneladas, queda de 3,3% ante a safra 2023/2024.

As culturas perenes — cujas plantações dão frutos ao longo dos anos, por mais de uma safra — são as mais afetadas, completou o consultor. São os casos do café e da laranja, que estão com sinal de queda na produção já há algumas safras e continuam num cenário de crise.

No caso da laranja, a produção do “cinturão citrícola” de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro na safra 2024/2025 deverá ficar em 215,78 milhões de caixas de 40,8 kg, queda de 7% em relação a estimativa anterior, feita em maio, conforme relatório divulgado semana passada pela Fundecitrus, entidade de pesquisa do setor.

“A redução se deve ao menor tamanho dos frutos, por causa do clima quente e seco. As condições climáticas previstas em maio para os primeiros quatro meses da safra foram ainda piores, com volume de chuvas 31% inferior ao esperado. Além disso, as temperaturas elevadas durante o outono e o inverno intensificaram a evapotranspiração, agravando a severidade da seca”, diz o relatório.

Café só deverá ter normalidade em 3 ou 4 anos

No caso do café, depois da supersafra de 2019/2020, os cafeicultores brasileiros vêm enfrentando uma série de acontecimentos adversos, como uma geada atípica em 2021 e a estiagem iniciada na primavera de 2023, contou Celírio Inácio, diretor executivo da Abic, que representa a indústria cafeeira. Por isso mesmo, os preços do café não param de subir.

A Conab estima a produção deste ano em 58,8 milhões de sacas, ante de 63,1 milhões, em 2020. Embora as queimadas não afetem diretamente os cafezais, são um indício da estiagem severa, e as notícias sobre eles já fomentam altas nas cotações internacionais do café, afetadas também por quebras de safra no Vietnã, disse Inácio:

— Quando falamos de uma estiagem tão grande, até a irrigação fica complicada. Para que haja uma certa normalidade vai demorar pelo menos mais uns três ou quatro anos. Se tudo andar direito, as coisas entram dentro de uma certa normalidade. Infelizmente, não é isso que a gente.

Soja, milho e a ‘janela de produção’

As culturas anuais, como soja e milho, destaques na produção nacional de grãos, também são afetadas pela seca. Segundo a Conab, a produção de soja ficou em 147,4 milhões de toneladas na safra 2023/2024, queda de 4,7% sobre a safra anterior. Os principais problemas foram o calor excessivo e chuvas irregulares no início da primavera passada, um ano atrás.

— De modo geral, isso pode elevar custos e diminuir a janela de produção. Com isso, se reduz a produtividade. No ano passado tivemos um problema de seca no mesmo período, mas houve um bom desenvolvimento da safra e as perdas não foram tão grandes como se esperava no início — disse Leandro Giglio, pesquisador do Insper Agro Global.

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Quando as chuvas não começam na época típica, em outubro, os produtores de soja costumam atrasar o plantio, que se dá nesse período, o que atrasa também a colheita, no ano seguinte. Isso afeta também a safra de milho, porque a maior parte da produção dele ocorre nas mesmas terras que produziram a soja, na chamada “segunda safra”.

Quanto maior o atraso na soja, menor a “janela” de produção do milho. Por causa desse atraso na safra 2023/2024, a produção de milho ficou em 115,7 milhões de toneladas, segundo a Conab, um tombo de 12,3% ante a supersafra anterior.

Segundo Hausknecht, da MB Agro, caso a estiagem atual perdure e adentre a primavera para além de meados de outubro, o problema poderá se repetir. O milho acaba mais afetado, porque os produtores brasileiros privilegiam a soja, mesmo que tenham que adiar o plantio.


O desafio da educação diante da emergência climática

Posted by: | Posted on: setembro 16, 2024

» ALFREDO PENA-VEGA — Professor, pesquisador da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais/CNRS, na França e diretor científico do Programa Global Youth Climate Pact

» IZABEL PETRAGLIA — Doutora em educação, professora, pesquisadora e diretora do Centro de Estudos e Pesquisas Edgar Morin no Brasil

O mundo atravessa um período turbulento e todos os ingredientes estão dados para uma série de desafios futuros. Numa altura em que os efeitos do aquecimento global parecem incontroláveis — fenômenos excepcionais, aumento de temperaturas, inundações, secas, incêndios —, estamos diante de um novo desafio: a educação sobre a emergência climática. Se por um lado, temos evidências científicas robustas e conhecimento a favor de políticas públicas para mitigar o aquecimento global; por outro, ainda não vemos vontade política suficiente para lutar contra as perturbações climáticas e suas consequências.

Os jovens de hoje são os primeiros a serem afetados pelo desenvolvimento que interfere em suas condições de vida, não só no futuro próximo, como no presente. A consciência ecológica desse segmento sobre a ação climática é fundamental devido a vários fatores. Em primeiro lugar, a juventude tem importância demográfica considerável em todo o mundo. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a população global de jovens entre 15 e 24 anos é estimada em mais de 1,8 bilhão de pessoas, cerca de um quarto da população mundial. No Brasil, os jovens dessa faixa etária representam cerca de 15 a 20% da população brasileira, de acordo com dados do IBGE, ou seja, 40 milhões de pessoas, aproximadamente. Esse peso demográfico dá aos jovens brasileiros o potencial para moldar a trajetória presente e futura da ação climática, como também lhes permite contribuir para o avanço tecnocientífico, cultural e econômico do país.

Apesar disso, a emergência climática está ausente no contexto educacional brasileiro. A grave situação dos fenômenos climáticos globais não nos exigiria uma tomada de consciência imediata? Os múltiplos impactos nas atividades humanas, por si só, não deveriam estar presentes na escola? Infelizmente, o que se aprende e o que se ensina sobre educação para o meio ambiente não é suficiente, diante dos incontáveis desafios da atualidade. A educação sobre as alterações climáticas deveria estar comprometida a encorajar a mente humana a contextualizar e globalizar, ou seja, religar informação e conhecimento nos contextos locais e globais. Mais do que nunca, o desafio da educação é instigar as mentes das gerações atuais para os desafios do futuro.

De certa forma, a questão não é tanto preparar o aluno, mas sim, refletir sobre quais e de que modo a transmissão e a organização do conhecimento ocorrem para promover a capacidade natural e criativa da mente humana de contextualizar e globalizar fenômenos complexos. Nesse sentido, a educação e os professores devem reinventar-se. Políticas públicas formativas devem constituir-se em ações urgentes no universo educacional. Fenômenos complexos como as mudanças climáticas não podem mais ser tratados de forma unidimensional e linear, mas compreendidos de forma descompartimentada e transdisciplinar.

A educação sobre a emergência climática deve opor-se à abordagem convencional que dita os princípios fundamentais de cada disciplina, cada vez mais burocratizada e sujeita às prescrições regulamentares e programáticas. Os princípios de uma pedagogia criativa enfatizam, em vez disso, o diálogo de conhecimentos entre cientistas, professores, estudantes e comunidade por meio de uma pluralidade de temas ligados aos fenômenos das alterações climáticas.

O que importa nesse diálogo é a capacidade reflexiva do aluno articular e organizar o conhecimento. Que o jovem seja capaz de realizar conexões, interações e analisar implicações mútuas. Por que é necessário que eles compreendam os problemas em sua multidimensionalidade complexa, em seu contexto e globalmente? O objetivo dessa prática reflexiva não é que os alunos sejam especialistas em clima, mas sim, que compreendam questões interdependentes que vão além do clima, seja em nível local, regional, ou seja global. Todos devem se considerar parte e todo do mesmo contexto, uno e múltiplo, simultaneamente. Essa é uma mudança cognitiva profunda.

Com base em pesquisa recente, realizada com estudantes brasileiros do ensino médio, em âmbito do programa Global Youth Climate Pact sobre suas percepções sobre a emergência climática, 47,8% dos jovens acreditam que os efeitos das mudanças climáticas que estão vivenciando, ou irão vivenciar, são muito negativos, 19,8% os consideram negativos. Quanto à importância de preparar os jovens de sua idade por meio de um programa específico sobre emergência climática, 90% dos inquiridos responderam que deveriam preparar-se. E quando perguntados sobre quais poderiam ser os elementos deste programa, 60% acreditam que deveriam ser transmitidas informações específicas sobre o fenômeno.

A mudança crescente nas temperaturas globais não é uma surpresa. O que é surpreendente é que continuamos a fazer isso sem agir com urgência para enfrentar o desafio. A mudança e a conscientização da importância estão em nossas mãos.

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IR: isenção até R$ 5 mil deve ficar para 2026, segundo Haddad

Posted by: | Posted on: setembro 13, 2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai decidir, em breve, sobre um projeto para garantir a isenção de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para quem ganha até R$ 5 mil, uma das promessas de campanha do petista. A informação é do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele contou que entregou ao chefe do Executivo estudos preparados por tecnicos da pasta.

“O presidente encomendou da área da Fazenda estudos que permitissem chegar no último ano do seu governo à cifra de R$ 5 mil, e nós apresentamos para ele alguns cenários”, relatou Haddad, no programa Bom dia, ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). “Nós temos um tempo relativamente longo para aprovar a medida, e os cenários todos preveem a possibilidade de cumprimento dessa promessa.”

O ministro afirmou que Lula ainda deve conversar com outros ministros sobre as propostas quando achar “conveniente”, mas já considerou que pelo menos um dos caminhos oferecidos é “promissor do ponto de vista econômico e político.” O titular da Casa Civil, Rui Costa, está a par dos projetos desenhados pela Fazenda, de acordo com Haddad. Ele ainda afirmou que, em relação ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a atual gestão “fez muito mais (mudanças na tabela do IR) do que o governo anterior”.

Essa medida, que já foi prometida em outras campanhas e por vários candidatos, tem elevados riscos fiscais para ser implementada. Estimativas de fontes da Esplanda sobre o impacto nas contas públicas variavam de R$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões por ano — algo entre 0,3% e 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas esse volume, atualmente, deve ser bem maior, porque as contas foram feitas há mais de cinco anos. As fontes lembram ainda que o governo precisará de uma receita recorrente equivalente para que essa isenção possa ser paga todos os anos, caso contrário, o rombo fiscal tende a crescer ainda mais e a dívida pública bruta seguirá em trajetória crescente e que está cada vez mais perto de 80% do PIB — patamar insustentável para países emergentes.

Vale lembrar que a isenção do IRPF de para quem ganha até dois salários mínimos, que passou a valer neste ano, gerou um custo anual de R$ 3,5 bilhões, conforme estimativas da Receita Federal. E, como o Orçamento tem 92% dos gastos obrigatórios, conforme dados do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2025, cumprir a meta de deficit primário zerado no ano que vem parece cada vez mais impossível, pois R$ 166 bilhões de receitas previstas ainda são incertas. Além disso, várias despesas, incluindo a desoneração da folha, estão subestimadas no Ploa.

Haddad, contudo, manteve o otimismo e afirmou que os números da economia brasileira merecem ser comemorados, como a inflação controlada e crescimento do PIB acima das expectativas. Entretanto, admitiu que é necessário se manter atento ao futuro, pois variáveis naturais, políticas e geopolíticas podem ter impacto. “Você tem toda a legitimidade de comemorar: o PIB está crescendo, o desemprego está baixo, a inflação está baixa e sob controle, mas sempre é preciso ficar atento à próxima curva, porque não se sabe o desafio que vamos ter que enfrentar.”

De acordo com o ministro, o índice de miséria do Brasil — soma da taxa de desemprego e da inflação — está em um dos menores níveis da série histórica, com desemprego e inflação baixos. “Estamos no melhor dos mundos”, comemorou. Ele voltou a afirmar que o Brasil tem avançado em reformas estruturais e citou a tributária. Mencionou, também, o novo arcabouço fiscal — que, na avaliação dele, é “inovador, respeitado e elogiado mundo afora”. Ao reconhecer que as contas do governo federal estão desequilibradas desde 2015, afirmou que para fazer o ajuste fiscal, é preciso critérios diante de tantos lobbies. “Não tem lobby de pobre em Brasília, você não tem manifestação de gente pobre pedindo. É um inferno isso aqui”, afirmou.

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Gavião-real está ameaçado por atividades de caça e desmatamento

Posted by: | Posted on: setembro 12, 2024

O primeiro mapa genético do gavião-real, uma das maiores aves de rapina da América do Sul, foi divulgado hoje, na revista “Scientific Reports”. O estudo revela que a espécie, também conhecida como harpia, atualmente classificada como vulnerável, está ameaçada por atividades humanas como caça e desmatamento. A harpia enfrenta riscos significativos em seus habitats naturais, que incluem a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal, regiões sujeitas a queimadas e exploração ilegal.

A pesquisa, conduzida por uma equipe de cientistas do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), no Brasil, em colaboração com instituições dos Estados Unidos e do Qatar, destaca um declínio populacional acelerado do gavião-real nos últimos 20 mil anos. Esse decréscimo pode estar associado à chegada dos humanos na América do Sul. O trabalho é o primeiro a mapear completamente o genoma da espécie, oferecendo novas perspectivas sobre sua evolução e adaptação.

Os dados genéticos foram obtidos a partir da amostra de sangue de uma fêmea resgatada pelo Ibama, após ter sido baleada por caçadores ilegais na floresta amazônica. Alexandre Aleixo, pesquisador titular do ITV e líder do estudo, acredita que o mapeamento genético pode servir como base para a elaboração de um Plano de Ação Nacional para a recuperação do gavião-real. Segundo ele, a abordagem representa um avanço em relação aos métodos anteriores, que se baseavam apenas na estimativa da abundância populacional.

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O estudo também evidencia que o gavião-real é uma das poucas aves de rapina ameaçadas pela caça ilegal. De acordo com estimativas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), existem entre 100 e 250 mil indivíduos maduros da espécie, que está em declínio. O novo mapa genético não apenas melhora a compreensão da espécie, mas também viabiliza a formulação de estratégias de conservação mais eficazes.

Conforme os pesquisadores, o trabalho gerou novas informações sobre a evolução do gavião-real e de espécies relacionadas. A análise mostrou ainda que, ao contrário do que se pensava, as aves de rapina não seguem a mesma tendência de uniformidade cromossômica observada em outras aves, desafiando as generalizações sobre a genética dessas espécies.

Os cientistas pretendem expandir o trabalho em duas frentes. A primeira envolve o sequenciamento do genoma de mais gaviões-reais para identificar populações geneticamente diversas e as mais ameaçadas. A segunda se concentra na ampliação do mapeamento para incluir outros 80 genomas de referência, como parte da iniciativa Genômica da Biodiversidade Brasileira.

Segundo Aleixo, a equipe já tem 54 outras harpias cujo material genético foi sequenciado por completo. “Não no mesmo nível de detalhe e resolução que esse que saiu, mas a partir desse outro conjunto de dados a gente vai poder saber qual a população está mais ameaçada, qual a população pode fornecer indivíduos para serem introduzidos em outros locais que estão precisando de diversidade genética”, disse ele. “A partir desses estudos que a gente vai ter uma ideia diferente sobre como manejar a diversidade genética da harpia, algo essencial para a manutenção da espécie a longo prazo.”

O pesquisador do ITV também frisou que o grupo tem genomas de referência para outras 80 espécies da biodiversidade brasileira. “É um número ainda muito pequeno para a fauna. Os répteis, por exemplo, a gente só tem genomas completos para quatro ou cinco espécies.”

“Esse mapeamento já entra como um dos produtos do plano de ação nacional. Ele vai ser o principal insumo para que a gente consiga mapear diversidade genética na espécie toda, seja a partir de indivíduos na natureza, seja a partir de indivíduos da natureza, ou de cativeiro.” Alexandre Aleixo, pesquisador titular do ITV e líder do estudo

No Brasil são reconhecidas 50.313 espécies de plantas e 125.251 de animais

A flora ameaçada corresponde a cerca 42,7%

A fauna ameaçada chega a 9%

A Mata Atlântica tem o maior número de espécies avaliadas: 11.811, e a maior quantidade ameaçada: 2.845

O Cerrado vem em seguida, com 1.199 espécies em risco

Fonte: IBGE, 2023

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