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BTG recusa vender Banco Pan por valor de mercado, diz fonte

Posted by: | Posted on: dezembro 16, 2015

A prisão do bilionário brasileiro André Esteves jogou seu banco de investimento, o Grupo BTG Pactual, em uma batalha de vida ou morte para vender ativos e levantar caixa. Mas o desespero passou.

Apesar de as dúvidas sobre a viabilidade do banco continuarem a existir, a especulação sobre o seu fim iminente desapareceu e suas ações subiram um recorde de 14 por cento na sexta-feira.

A chave para esse sucesso foi uma linha de crédito de R$ 6 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos, que é financiado pelos bancos.

O empréstimo deu ao BTG confiança suficiente em relação à sua liquidez de curto prazo para que seus sócios deixassem passar uma chance de vender uma participação de 40 por cento do Banco Pan pelo valor de mercado ao Banco BMG, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto.

A oferta, que era de R$ 580 milhões, se considerado o preço das ações na sexta-feira, foi retirada.

Embora a linha do Fundo Garantidor de Créditos esteja ajudando o BTG a evitar uma crise de liquidez por enquanto, as vendas de ativos são vitais para a sobrevivência do banco em 2016, segundo uma análise do Goldman Sachs do dia 7 de dezembro.

A necessidade de financiamento do BTG no quarto trimestre é de cerca de R$ 1,6 bilhão, um montante mais que coberto pela linha de crédito do FGC. Mas esse total crescerá para R$ 11 bilhões nos nove primeiros meses de 2016 e para R$ 18 bilhões até o final do ano que vem, disse o Goldman Sachs.

“Eles não podem desacelerar o processo de venda de ativos simplesmente por terem conseguido a linha do FGC”, disse Max Bohm, analista da empresa de consultoria Empiricus Research em São Paulo. “Eles precisam mostrar que estão vendendo rapidamente para acalmar os mercados e interromper a queda livre das ações. Para que isso aconteça, eles precisam aceitar o preço que os compradores queiram pagar”.

BR Properties

Um teste será a reação do BTG a uma oferta apresentada na sexta-feira pela GP Investments para compra de até 63 por cento da incorporadora imobiliária BR Properties, da qual o BTG é o maior acionista.

A GP ofereceu R$ 10 por ação, disse a empresa em um comunicado, o que implica um valor para a BR Properties de 11,7 vezes os lucros projetados antes de juros, impostos e amortização, segundo dados compilados pela Bloomberg.

É mais que o múltiplo médio de 9,4 vezes das empresas imobiliárias brasileiras com uma capitalização de mercado de pelo menos US$ 250 milhões, mostram os dados. É, também, um prêmio de 21 por cento em relação ao preço de fechamento de quinta-feira, embora ainda 9 por cento abaixo do nível de 24 de novembro, véspera da prisão de Esteves. O Banco Pan caiu 8 por cento desde então até a última sexta-feira.

A alta do BTG após o anúncio da GP foi a maior desde a oferta pública inicial da empresa, em abril de 2012, e diminuiu o declínio do valor de mercado desde a prisão de Esteves, em 25 de novembro, para 55 por cento até sexta-feira. Esteves, que renunciou aos cargos de presidente do conselho e CEO do banco com sede em São Paulo no dia 29 de novembro, foi preso sob a suspeita de que tentou obstruir uma investigação de corrupção de abrangência nacional envolvendo a Petrobras. Por meio de seu advogado, ele negou as acusações.

Grau especulativo

Enquanto as classificações de crédito do BTG caíam para grau especulativo e as fontes de financiamento de curto prazo secavam, o banco vendeu uma participação na Rede D’Or São Luiz, a maior rede de hospitais do Brasil, por R$ 2,38 bilhões, e negociou também um portfólio de crédito de R$ 1,2 bilhão para o Bradesco. Ambas as transações foram concluídas antes da linha de crédito do FGC.

Em um comunicado enviado por e-mail na sexta-feira, o banco disse que planeja continuar buscando a venda de mais ativos. “Estamos satisfeitos com o progresso feito para fortalecer o BTG nos últimos 16 dias”, disse o banco. “Temos trabalhado incansavelmente para garantir a estabilidade de nosso negócio”.

O BTG preferiu não comentar a oferta do Banco BMG pelo Banco Pan. O CEO do Banco BMG, Antonio Hermann, também preferiu não comentar o assunto.

Fonte: Exame





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